23º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO B LEITURA PARA 08.09.2024 TEMA: ELE FAZ OS SURDOS OUVIREM E FAZ OS MUDOS FALAREM
Deus
abraça a vida de seus filhos e filhas e caminha com o seu povo pelo deserto,
saindo do Egito e da Babilônia, para não deixar seus filhos caírem no desânimo.
Deus está do lado dos exilados, desanimados, desiludidos e sem esperança. O
nosso Deus é salvação. Ele é caminho e vida nova, para os desesperançados.
Deus, é aquele que devolve a vida e a dignidade ao coxo, ao cego, ao mudo e
tantos outros que foram jogados nas periferias da vida.
1ª
LEITURA – ISAÍAS 35,4-7A
Dizei
aos corações perturbados: Tende coragem, não temais. Aí está o vosso Deus. Ele
vem para fazer justiça e dar a recompensa. Ele próprio vem salvar-nos. Então se
abrirão os olhos dos cegos e se desimpedirão os ouvidos dos surdos. As águas
brotarão no deserto e as torrentes na aridez da planície. A terra seca
transformará em lago e a terra árida em nascentes de água. Irmãos e irmãs, o nosso Deus, não abandona os seus filhos e
filhas e nem aceita, que seu povo seja dominado pelas forças que escravizam e
matam. Precisamos ser fieis e trilhar os caminhos do Senhor. Os outros caminhos
levam ao desastre e à perdição. O nosso Deus é vida em abundância e a nossa
missão é de trabalhar contra todas as forças que alimentam a morte e a
destruição. Somos uma igreja em saída. Não podemos ser uma igreja acomodada.
Somos uma igreja em contínua missão.
2ª
LEITURA – TIAGO 2,1-5
Meus
irmãos: A fé em Nosso Senhor Jesus Cristo não deve admitir acepção de pessoas.
Pode acontecer que na vossa assembleia entre um homem bem vestido e com anéis
de ouro e entre também um pobre e mal vestido. Ao bem vestido dizeis: senta-te
aqui em bom lugar, e ao pobre: tu, fica aí de pé, ou senta-te aí, abaixo do
estrado dos meus pés. Irmãos e irmãs,
abraçar a fé em Jesus Cristo, é abraçar as causas dos irmãos que foram rejeitados
pela sociedade e pelas práticas religiosas que afastam pessoas pela aparência,
pela condição social ou pelas leis que vão criando, para poder controlar pela
ideologia do puro e do impuro. Em Deus não existe lugar para a discriminação,
não existe lugar para a acepção de pessoas, não existe lugar para a condenação,
por que o nosso Deus é vida e é salvação, o nosso Deus é acolhida e é comunhão,
o nosso Deus é paz, justiça e a certeza de vida eterna. Jesus sentou à mesa com
pecadores, tocou no leproso, conversou com a Samaritana, andou por terras da
Galileia que era considerada, terra de impuros. Jesus acolheu, perdoou, teve
compaixão, dividiu o pão com os desclassificados, amaldiçoados e condenados.
Jesus, foi em busca das ovelhas perdidas da casa de Israel. Esta, é também a
nossa missão.
EVANGELHO
– MARCOS 7,31-37
Naquele
tempo, Jesus deixou de novo a região de Tiro e, passando por Sidônia, veio para
o mar da Galileia, atravessando o território da Decápole. Trouxeram a Jesus um
surdo que mal podia falar e suplicaram que impusesse as mãos sobre ele. Jesus,
afastando-Se com ele da multidão, meteu-lhe os dedos nos ouvidos e com saliva
tocou-lhe a língua. Depois, erguendo os olhos ao Céu, suspirou e disse-lhe:
Effathá, que quer dizer Abre-te. Imediatamente se abriram os ouvidos do homem,
soltou a prisão da língua e começou a falar corretamente. Irmãos e irmãs, Jesus enfrentando a resistência dos fariseus
e doutores da lei, abandona o território judeu e vai fazer as pregações em
território pagão. O Reino de Deus, vai se tornando visível ao curar a filha de
uma mulher pagã da região da Fenícia e território da Decápole. No Evangelho de
hoje, Jesus vai curar um surdo que mal podia falar. Tanto a filha da mulher
pagã, como também aquele surdo, segundo a teologia oficial do judeus, não
podiam contar com a salvação de Deus, ou seja, já estavam condenados. Estas
regiões, eram consideradas pagãs, pelas autoridades religiosas dos judeus.
Desta forma, Jesus abraça toda a realidade de negação da vida e de pertença a
Deus, pela qual o povo passava por imposição dos judeus. Jesus ia sendo visto e
renegado como sendo mais um pagão. Para o povo que andava nas trevas, um grande
luz aparece, e ação salvadora de Deus vai se espalhando e o povo começa a se
levantar de suas situações de abandono e de morte na qual foram jogados pelos
poderes políticos e religiosos. No Evangelho de hoje, o surdo é uma
representação de todos que não tinham mais capacidades ou eram impedidos de
manifestar a sua fé, a sua vivência social e as relações humanas. Representavam
também, todos que eram rejeitados e afastados da vivência e da escuta da
Palavra, pois eram impedidos de entrar no Templo. No mundo de hoje, cresce o
número daqueles que preferem ficar surdos aos clamores sociais e que preferem
ficar surdos aos clamores dos irmãos. Crescem também o número daqueles que
preferem ficar mudos diante das realidades de injustiças, de abusos e de
escravidão. É importante perceber que quem faz o surdo sair do seu fechamento,
é a ação da comunidade, que ainda busca e acredita na mudança e na libertação.
É preciso que cada um de nós, sejamos a força que move e que tira as pessoas de
sua estagnação. A nossa missão é de levar a Boa Nova às pessoas e de levar as
pessoas ao encontro de sua vida e identidade missionária e cristã. Precisamos
ser a presença de Jesus, que tira as pessoas do comodismo. A oração de Jesus, o
toque dos dedos nos ouvidos do surdo, a saliva tocada na língua, o afastamento
da multidão, o erguer os olhos ao céu, e ordem de abrir os ouvidas e a língua,
dada por Cristo, completa o ato criador de Deus, gerando naquele homem uma nova
pessoa. O surdo, passou a ouvir e a proclamar a grandeza do amor do poder de
Deus. Começa a revelar, que Deus não faz acepção das pessoas. Começa a revelar
que Deus começou a realização das promessas e que o mal não tem poder, e vai se
levantando e proclamando que Deus caminha com o seu povo, que Deus é
libertação, que Deus é presença que cura e que nos salva das garras da morte.
Aqui temos a revelação de que precisamos aprender cada dia mais a escutar as
pessoas, a escutar os clamores dos que sofrem, a escutar os que lutam e buscam
alcançar o direito e a justiça. Aqui precisamos aprender que Deus também ao
libertar da mudez, nos ensina que precisamos nos tornar anunciadores da Boa
Nova e nos tornar sempre mais, uma igreja em saída.
Gaspar
Moreira 08.09.2024
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