IMENSO, VERDE, INFERNO
De tantas queimadas
De tantas políticas erradas
Infernizando a vida do povo
Da imensidão das terras
Multiplicando os sem terras
Gerando as novas guerras
Dos que lutam para ter o pão
Amazônia
Que inspiras tantos poetas
Sustentas os que te inspiram
Que carregas a vida de um povo
Nas tuas costas e encostas
Frutificas em tantas lavouras
Gerando sempre o novo
Amazônia
Que cheia de afrontas e lutas
Em vida de tantos sem terras
Terras banhadas em sangue
De mártires e de inocentes
Que um dia tiveram a coragem
De dizer não com a própria vida
Que não estavam de acordo
Com a exploração dos irmãos
Com o roubo das riquezas
Desta maldita escória
Amazônia ou zona
Que como uma prostituta
Senta em banquetes das nações
Abrindo as suas entranhas
A entregar tudo de melhor
Minério, madeiras e suas florestas
Por uma paixão enganosa
Amazônia
Verdadeira zona
Que alimentas Paixões gananciosas
De um dia ser super potência
Mas tudo que consegues
E dar para todas as outras
Que veem fartar-se em ti
Deixando seus filhos na miséria
Ou a mendigar possíveis migalhas
Das incontáveis convenções
De poderes usurpadores e ilegais
Em banquetes i-reais
Amazônia
Tu és cega, pois
Enquanto isso nosso solo
Nossas matas imponentes
Nossas serras, nossas águas
Nossas indústrias e comércios
Nossas imensas riquezas
Viram sucatas em nossas terras
Gerando riquezas de outros
Celebradas em infindas noitadas
Regalando em taças ianques
Que em constantes brindes
Continuam entre si repartindo
Tudo que resta de nós.
Gaspar Moreira 02 de fevereiro de 1986